martes, 4 de mayo de 2010

Oque é arte objetiva?

A criatividade está de alguma maneira ligada a meditação?
Osho:


Arte pode ser dividida em duas partes. Noventa e nove por cento da arte é arte subjetiva. Só um por cento é arte objetiva. Os noventa e nove por cento de arte subjetiva não tem nenhuma ligação com a meditação. Só um por cento da arte objetiva está baseada na meditação.


A arte subjetiva significa que você está derramando sua subjetividade sobre a tela, seus sonhos, suas imaginações, suas fantasias. É uma projeção da sua psicologia. O mesmo acontece na poesia, na música, em todas as dimensões da criatividade – você não está preocupado com a pessoa que irá ver sua pintura, nem preocupado com o que acontecerá com essa pessoa quando ela olhar para a tela; isso não é absolutamente sua preocupação. Sua arte é simplesmente uma espécie de vômito. Isso irá lhe ajudar, exatamente da maneira que vomitar ajuda. Isso acaba com a náusea, isso lhe torna mais limpo, mais saudável. Mas você não levou em consideração o que irá acontecer com a pessoa que irá ver seu vômito. Ela irá ficar nauseada. Ela pode começar a se sentir doente.


Olhe para os quadros de Picasso. Ele é um grande pintor, mas apenas um artista subjetivo. Olhando para seus quadros, você começará a se sentir doente, zonzo, alguma coisa fica agitada em sua mente. Você não tem como continuar olhando as pinturas de Picasso por mais tempo. Você gostaria de dar o fora, porque a pintura não procede de um ser silencioso. Ela vem de um caos. É um sub-produto de um pesadelo. Mas noventa e nove por cento da arte pertence a essa categoria.


A arte objetiva é exatamente o oposto. O homem não tem nada para jogar fora, ele está completamente vazio, absolutamente limpo. Desse silêncio, dessa vacuidade surge o amor, a compaixão. E desse silêncio surge uma possibilidade para criatividade. Esse silêncio, esse amor, essa compaixão – essas são as qualidades da meditação.


Meditação lhe traz para seu próprio centro. E seu centro não é somente seu centro, é o centro de toda a existência. Só na periferia somos diferentes. Quando começamos a nos mover em direção ao centro, somos um. Somos parte da eternidade, uma experiência de êxtase tremendamente luminosa que está além das palavras. Algo que você pode ser... algo porém, muito difícil de expressar. Mas surge em você um grande desejo de compartilhar isso, porque todas as outras pessoas ao seu redor estão tateando exatamente por tais experiências. E você as tem, você conhece o caminho.


E essas pessoas estão procurando em toda parte exceto dentro delas mesmas – onde ela está! Você gostaria de gritar nos ouvidos delas. Você gostaria de sacudi-las e de dizer a elas, “Abram seus olhos! Para onde estão indo? Onde você for, você estará se afastando para longe de si mesmo. Volte para casa, e mergulhe fundo dentro de você mesmo tanto quanto possível”.


Esse desejo de partilhar se torna criatividade. Alguém pode dançar. Existiram místicos – por exemplo, Jalaluddin Rumi – cujo ensinamento não estava em palavras, cujo ensinamento estava na dança. Ele irá dançar. Seus discípulos ficarão sentados do lado dele, e ele lhes dirá, “Qualquer um que sinta vontade de juntar-se a mim pode vir. É uma questão de sentimento. Se você não sentir vontade, isso é com você. Você pode simplesmente ficar sentado e observar".


Mas quando você vê um homem como Jalaluddin Rumi dançando, alguma coisa dormente em você se torna ativa. Apesar de você mesmo, você descobre que se juntou a dança. Você já está dançando antes de tomar consciência de que aderiu a isso.


Mesmo essa experiência é de tremendo valor, que você foi puxado como por uma força magnética. Não foi uma decisão da sua mente, você não considerou a favor ou contra, juntar-se ou não juntar-se a dança, não. Somente a beleza da dança de Rumi, a expansão da energia dele, se apossou de você. Você está sendo tocado. Essa dança é arte objetiva.


E se você puder continuar – e lentamente você irá ficar cada vez mais desembaraçado, mais e mais capaz – logo você irá esquecer do mundo inteiro. Chega o momento, o dançarino desaparece e só a dança permanece.


Na Índia existem estátuas, que você só precisa sentar-se silenciosamente e meditar nelas. Basta olhar para essas estátuas. Elas foram feitas por meditadores de tal maneira, em tal proporção, que só em olhar para a estátua, a figura, a proporção, a beleza... Tudo é bem calculado para criar um tipo similar de estátua dentro de você. E apenas sentar silenciosamente com uma estátua de Buddha ou de Mahavira, você irá descobrir um sentimento estranho, que você não pode encontrar sentando ao lado de nenhuma escultura Ocidental.


Todas as esculturas Ocidentais são sexuais. Você olha a escultura Romana: bela, mas algo cria sexualidade em você. Isso bate no seu centro sexual. Isso não lhe enaltece. No Oriente a situação é totalmente diferente. As estátuas são talhadas, mas antes que um escultor comece a talhar estátuas ele aprende meditação. Antes dele começar a tocar na flauta ele aprende meditação. Antes dele começar a escrever poesia ele aprende meditação. Meditação é uma necessidade absoluta para qualquer arte; desse modo a arte será objetiva.


Depois, apenas ler algumas linhas de um haiku, uma forma Japonesa de um pequeno poema – somente três linhas, talvez três palavras – se você o lê silenciosamente, você ficará surpreso. Isso é muito mais explosivo do que qualquer dinamite. Isso simplesmente abre portas em seu ser.


O pequeno haiku de Basho que tenho ao lado do lago perto da minha casa. Eu o amo tanto, eu queria que isso ficasse lá. Então toda vez, vindo ou indo... Basho é uma das pessoas que tenho amado. Nada demais: Um lago antigo...isso não é uma poesia ordinária. Ela é muito pictórica. Basta visualizar:Um lago antigo. Um sapo pula nele... Você quase vê o lago antigo! Você quase escuta o sapo, o som de seu pulo: Plop!


E depois tudo é silêncio. O lago antigo está lá, o sapo pulou dentro, o som do pulo dele criou mais silêncio do que antes. Apenas ler isso não é como qualquer outra poesia que você vai lendo – um poema, outro poema... Não, você apenas o lê e senta-se em silêncio. Visualize-o. Feche seus olhos. Veja o lago antigo. Veja o sapo. Veja-o pulando dentro. Veja as ondulações na água. Ouça o som. E escute o silêncio que segue.


Isso é arte objetiva.


Basho deve ter escrito isso num modo bem meditativo, sentado ao lado de um lago antigo, observando um sapo. E o sapo pula dentro. E subitamente Basho se torna cônscio do milagre do som aprofundando o silêncio. O silêncio é mais do que era antes. Isso é arte objetiva.


A menos que você seja um criador, você nunca irá encontrar a real felicidade. É somente criando que você se torna parte da grande criatividade do universo. Porém, para ser um criador, meditação é uma necessidade básica. Sem ela você pode pintar, mas essa pintura tem que ser queimada, ela não tem que ser mostrada a outros. Isso foi bom, lhe ajudou a descarregar, mas por favor, não sobrecarregue ninguém mais. Não presenteie seus amigos, eles não são seus inimigos.


Arte objetiva é arte meditativa, arte subjetiva é arte da mente.


www.osho.com

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