domingo, 20 de junio de 2010

Afinidades

A Afinidade é um dos poucos sentimentos que resistem ao tempo e ao depois.



A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos.


É o mais independente também.


Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades.


Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto no exato ponto em que foi.


Ter afinidade é muito raro.


Mas, quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar.


Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas.


Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos


que impressionam, comovem ou mobilizam.


É ficar conversando sem trocar palavras.


É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.


Afinidade é sentir com,


Não é sentir contra,


Nem sentir para,


Nem sentir por,


Nem sentir pelo.


Quanta gente ama loucamente,


mas sente contra o ser amado.


Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios.


Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo.


É olhar e perceber.


É mais calar do que falar, ou, quando é falar, jamais explicar: apenas afirmar...


Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças.


É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidades.


Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação.


Porque tempo e separação nunca existiram.


Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida.


para que a maturação comum pudesse se dar.


E para que cada pessoa pudesse e possa ser,cada vez mais a expressão do outro


sob a forma ampliada do eu individual aprimorado
 
 
Arthur da Távola

ORAÇÃO A MIM MESMO - Oswaldo Antônio Begiato

Que eu me permita

olhar e escutar e sonhar mais.
Falar menos.
Chorar menos.
Ver nos olhos de quem me vê
a admiração que eles me têm
e não a inveja que, prepotentemente, penso que têm.


Escutar com meus ouvidos atentos
e minha boca estática,
as palavras que se fazem gestos
e os gestos que se fazem palavras.


Permitir sempre
escutar aquilo que eu não tenho
me permitido escutar.


Saber realizar
os sonhos que nascem em mim
e por mim
e comigo morrem por eu não os saber sonhos.


Então, que eu possa viver
os sonhos possíveis
e os impossíveis;
aqueles que morrem
e ressuscitam
a cada novo fruto,
a cada nova flor,
a cada novo calor,
a cada nova geada,
a cada novo dia.


Que eu possa sonhar o ar,
sonhar o mar,
sonhar o amar,
sonhar o amalgamar.


Que eu me permita o silêncio das formas,
dos movimentos,
do impossível,
da imensidão de toda profundeza.


Que eu possa substituir minhas palavras
pelo toque,
pelo sentir,
pelo compreender,
pelo segredo das coisas mais raras,
pela oração mental
(aquela que a alma cria e
que só ela, alma, ouve
e só ela, alma, responde).


Que eu saiba dimensionar o calor,
experimentar a forma,
vislumbrar as curvas,
desenhar as retas,
e aprender o sabor da exuberância
que se mostra
nas pequenas manifestações
da vida.


Que eu saiba reproduzir na alma a imagem
que entra pelos meus olhos
fazendo-me parte suprema da natureza,
criando-me
e recriando-me a cada instante.


Que eu possa chorar menos de tristeza
e mais de contentamentos.
Que meu choro não seja em vão,
que em vão não sejam
minhas dúvidas.


Que eu saiba perder meus caminhos
mas saiba recuperar meus destinos
com dignidade.


Que eu não tenha medo de nada,
principalmente de mim mesmo:


- Que eu não tenha medo de meus medos!


Que eu adormeça
toda vez que for derramar lágrimas inúteis,
e desperte com o coração cheio de esperanças.


Que eu faça de mim um homem sereno
dentro de minha própria turbulência,
sábio dentro de meus limites
pequenos e inexatos,
humilde diante de minhas grandezas
tolas e ingênuas
(que eu me mostre o quanto são pequenas
minhas grandezas
e o quanto é valiosa
minha pequenez).


Que eu me permita ser mãe,
ser pai,
e, se for preciso,
ser órfão.

Permita-me eu ensinar o pouco que sei
e aprender o muito que não sei,
traduzir o que os mestres ensinaram
e compreender a alegria
com que os simples traduzem suas experiências;
respeitar incondicionalmente
o ser;
o ser por si só,
por mais nada que possa ter além de sua essência,
auxiliar a solidão de quem chegou,
render-me ao motivo de quem partiu
e aceitar a saudade de quem ficou.


Que eu possa amar
e ser amado.
Que eu possa amar mesmo sem ser amado,
fazer gentilezas quando recebo carinhos;
fazer carinhos mesmo quando não recebo
gentilezas.


Que eu jamais fique só,
mesmo quando
eu me queira só.


Amém.

Amo pessoas que acordam no meio da noite,

só para escutar o barulhinho da chuva no telhado…
Elas sabem ouvir o canto de Deus.


Amo pessoas que fazem do presente
um caminho para o futuro, com algumas trilhas
secundárias e até alguns atalhos
Elas entendem de liberdade.


Amo pessoas que escrevem sua história sem
ignorar os borrões, fazendo deles uma lição de vida…
Elas jamais serão esquecidas..


Amo pessoas a quem posso chamar de amigos,
que vêem mais qualidades que defeitos em mim…
Elas enfeitam dia a dia o caminho que trilho.


Amo pessoas que sabem conviver, tolerando o que
for intolerável, encontrando uma justificativa para
resgatar a harmonia
Elas entendem de perdão.


Amo pessoas de todas as idades, essas que não
sabem a idade que tem velhos, adolescentes, crianças.
…Elas sabem se encaixar no tempo.


Amo pessoas que quando perdem a fé, engravidam
o coração e conseguem parir um novo,para ensinar e aprender.
Elas sabem que não se perde para si mesmo…


Amo pessoas que cantam no chuveiro,
que olham o espelho e se acham linda se sorriem
para o espelho refletir seu sorriso…
Elas com certeza receberão sorrisos, sem espelho.


Amo pessoas que valorizam riquezas só do espírito
e ignoram a miséria das almas…
Elas entendem que pobre á aquele que só possui
bens materiais.


Amo pessoas que cuidam da natureza, que espalham
sementes, plantam árvores e florescem o mundo…
Elas colherão frutos doces, independente das estações.


Amo pessoas de mãos generosas no doar, no afeto
e no oferecer.
Elas entendem que o presente fica em parte com
quem recebe …fica mais com quem doa.


Amo pessoas que não tem medo de se arriscar,
de mudanças…de finais… nem recomeço.
Elas jamais dirão: Como seria, se eu tivesse tido coragem.


Amo pessoas que ficam olhando o horizonte de bobeira,
que deitam na grama para olhar nuvens passar ou contar estrelas.
Elas conhecem e muito, de paz.


Amo pessoas que misturam pais, filhos, netos,
primos, tios, avós, que brigam, se desculpam e que não se separam.
Elas sabem a importância da família.


Amo pessoas que escutam passarinho quando canta
que olham o sol quando levanta
e que brincam de faz de conta com criança…
Elas sabem que ser feliz é simples.


Amo pessoas que iluminam o olhar diante da pessoa amada,
que beijam na boca e não estão nem ai para a platéia,
para julgamentos, ou ridículo…
Elas amam amar o amor.


Amo pessoas que não sabem odiar, que falam com anjos
em qualquer lugar, sabem que eles ouvem, tanto que me pediram para escrever.

Que os anjos também amam !


Lady Foppa



Amo vocês por fazerem parte da minha vida de alguma maneira

Os limites da percepçao

O que quer que vejamos é limitado, o que quer que sintamos é limitado, todas as percepções são limitadas. Mas se você puder tornar-se cônscio, então o que é limitado desaparece no ilimitado. Olhe para o céu. Você irá ver uma parte limitada dele, não porque o céu seja limitado, seus olhos é que são limitados, o foco deles é limitado. Mas se você puder tornar-se cônscio de que essa limitação é devido ao foco, por causa dos olhos, não é o céu que é limitado, desse modo você verá as fronteiras dissolvendo-se no ilimitado.


Diferentemente a existência é ilimitada, diferentemente tudo está se dissolvendo em outra coisa mais. Tudo está perdendo suas fronteiras, a cada momento ondas estão desaparecendo no oceano – e não há um fim para coisa alguma e não há nenhum começo. Tudo é também tudo o mais.
Sente-se sob uma árvore e veja, e o que quer que venha para sua visão, basta ir além, veja além e não pare em lugar algum. Apenas descubra onde essa árvore está se dissolvendo. Essa árvore, essa pequena árvore bem no seu jardim, toda a existência está nela. Ela está se dissolvendo a cada momento.


Para onde você olhar, olhe para o além e não pare em lugar nenhum. Continue indo e indo e indo até perder a sua mente, até você perder todos os seus padrões limitados. Subitamente você estará iluminado.
Toda a existência é uma. Essa unicidade é a meta. E, de repente, a mente fica cansada do padrão, da limitação, da fronteira – e enquanto você insiste em ir além, enquanto você continua puxando-a além e além, a mente desliza, de repente abandona, e você olha para a existência como uma vasta unicidade, tudo se dissolvendo um no outro, tudo mudando no outro.


Sente-se por uma hora e trabalhe nisso. Não crie qualquer limitação em lugar algum. Seja qual for a limitação apenas tente encontrar o além, e mova-se e continue movendo-se.


Osho, em "The Book of Secrets