sábado, 23 de abril de 2011

RECONHECE-SE O CRISTÃO PELAS SUAS OBRAS

16. "Nem todos os que me dizem Senhor, Senhor, entrarão no Reino dos Céus, mas somente o que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus". Escutai estas palavras do Mestre, todos vós, que repelis a doutrina espírita como obra do demônio! Abri os vossos ouvidos, pois chegou o momento de ouvir!

 Será suficiente trazer a libré do Senhor, para ser um fiel servidor? Será bastante dizer: "Sou cristão", para seguir o Cristo? Procurai os verdadeiros cristãos e os reconhecereis pelas suas obras. "Uma árvore boa não pode dar maus frutos, nem uma árvore má dar bons frutos." - " Toda árvore que não der bons frutos será  cortada e lançada no fogo." - Eis as palavras do Mestre. Discípulos do Cristo, compreendei-as bem! Quais os frutos que a árvore do Cristianismo deve dar, árvore possante, cujos ramos frondosos cobrem com a sua sombra uma parte do mundo, mas ainda não abrigaram a todos os que devem reunir-se em seu redor? Os frutos da árvore da vida são frutos da vida, da esperança e de fé. O Cristianismo, como o vem fazendo desde muitos séculos, prega sempre essas divinas virtudes, procurando distribuir os seus frutos. Mas quão poucos os colhem! A árvore é sempre boa, mas os jardinaros são maus. Quiseram moldá-la segundo as suas idéias, modelá-la de acordo com as suas conveniências. Para isso a cortaram, diminuíram, mutilaram. Seus ramos estéreis já não produzem mais frutos, pois nada mais produzem. O viajor sedento que se acolhe à sua sombra, procurando o fruto de esperança, que lhe deve dar força e coragem, encontra apenas os ramos adustos, pressagiando mau tempo. É em vão que busca o fruto de vida na árvore da  vida: as folhas tombam secas aos seus pés. As mãos do homem tanto as trabalharam, que acabaram por crestá-las!
   Abri, pois, vossos ouvidos e vossos corações, meus bem-amados! Cultivai esta árvore da vida, cujos frutos proporcionam a vida eterna. Aquele que a plantou vos convida a cuidá-la com amor, que ainda a vereis dar com abundância os seus frutos divinos. Deixai-a assim como o Cristo vo-la deu: não a mutileis. Sua sombra imensa quer estender-se por todo o universo; não lhe corteis a ramagem. Seus frutos generosos caem em abundância, para atentar o viajor cansado, que deseja chegar ao seu destino. Não os amontoeis para guardá-los e deixá-los apodrecer, sem servirem a ninguém. "São muitos os chamados e poucos os escolhidos." É que há os açambarcadores do pão  da vida, como os há do pão material. Não vos coloqueis entre eles: a árvore que dá bons frutos deve destribui-los para todos. Ide, pois, procurar os necessitados; conduzi-os sob ramagens da árvore e partilhai com eles o abrigo que ela vos oferece. "Não se colhem uvas dos espinheiros". Meus irmãos, afastais-vos, pois,  dos que vos chamam para apontar os tropeças do caminho, e segui os que vos conduzem à sombra da árvore da vida.
   O divino Salvador, o justo por excelência, disse, e suas palavras não passarão: " Os que me dizem Senhor, Senhor, nem todos entrarão no Reino dos Céus, mas somente aqueles que fazem a vontade de meu Pai, que está nos céus". Que o Senhor das bençãos vos abençõe, que o Deus da luz vos ilumine; que a árvore da vida vos faça com abundância a oferenda dos seus frutos! Crede e orai!

SIMEÃO
Bordeaux, 1863
O Evangelho Segundo o Espiritismo cap. XVIII