jueves, 29 de abril de 2010

Consciência Cósmica

O médico canadense Richard M Bucke, num trabalho de mais de setecentas páginas que interessa em muito a todos aqueles que trabalham ou de alguma forma se dedicam a temas como "educação", "evolução humana", "humanismo" e congêneres, trabalho a que intitulou Consciência Cósmica, editado no Brasil pela AMORC, defende a interessante tese de que estamos em processo evolutivo milenar, senão vejamos.
Entre os minerais não percebemos crescimento notório, reprodução, mobilidade, sensibilidade, etc. Não são reconhecidamente dotados do que poderíamos - à falta de expressão mais adequada - chamar de "vida" como a compreendemos.

O reino vegetal, um pouco mais complexo, comporta reprodução, crescimento, alguma mobilidade, como as raízes que penetram subsolo abaixo seguindo as correntes hídricas ou os galhos que, pontuados por folhas buscam a luz solar. Com tudo isso, não se tem aceitação "científica" de qualquer forma de consciência no reino vegetal.

Quando chegamos aos animais, o que os caracteriza mais ostensivamente é a percepção de que são efetivamente dotados de uma forma, ainda que rudimentar, de consciência. Uma consciência coletiva, integrada à natureza em sua plenitude. Têm memória, reflexos, mobilidade, reprodução (na maior parte dos casos sexuada)... Não são dotados de uma autoconsciência, ou seja, de serem separados da natureza individualmente.

Ao chegarmos aos seres humanos, percebemos que, além das características simples existentes no reino animal, encontramos o surgimento da autoconsciência, plenamente desenvolvida hoje entre homens desde aproximadamente os três anos de idade; esta característica nova, a autoconsciência, começou a surgir entre os primeiros hominídeos em raros e esporádicos casos, nos quais alguns seres humanos, por algum motivo, davam este "salto evolutivo" naquela direção, via-de-regra, entre 35 e 42 anos de idade, passando, a partir daí, a fazer parte do patrimônio genético-biológico da humana espécie e hoje, somente em raros casos de esquizofrenia, oligofrenia, idiotismo ou outra patologia nesta direção deixa-se de encontrar a consciência de ser alguém à parte da Natureza entre os seres humanos.

Agora o avanço mais difícil: segundo dr. Bucke, há cerca de cinco milênios começaram a surgir casos raros e esporádicos, sempre também via-de-regra entre os 35 e os 42 anos de idade, de seres humanos que transcenderam a sua condição, atingindo aquilo que o Autor chama de Consciência Cósmica. Dentre os casos perfeitos e completos de Consciência Cósmica arrolados pelo Autor, cito aqui Akhenaton, Lao-Tse, Moisés, Pitágoras, Buda, Jesus Cristo, São Paulo, Maomé e Walt Whitman.

Esta nova consciência, esse novo "salto evolutivo" traz consigo algumas características que passam a distinguir seu detentor, quais sejam:

Iluminação Súbita - Após um período mais ou menos longo de meditações numa vida dedicada a ideais religiosos, unificadores, o homem cosmicamente iluminado entraria num período mais ou menos prolongado de Paz Profunda.

Grande Elevação Moral - A consciência cosmicamente iluminada raramente comete erros conscientes ou demonstra ter quaisquer defeitos na dimensão moral especificamente falando.

Grande Elevação Intelectual - O homem cosmicamente iluminado está tão distante do homem dotado de mera autoconsciência quanto o indivíduo auto-consciente está distante daquele que manifesta ainda uma consciência indivisa, ou seja, aquele que atingiu a Consciência Cósmica está para o homo sapiens como este para os outros animais.

Perda do Temor da Morte - Pela simples conscientização de que a morte é pura ilusão dos sentidos. Não existe um "fim" para a vida; esta segue sempre em frente!

Imantação da Personalidade - Um grande encanto é acrescentado à personalidade do Iluminado, fazendo com que se transforme num verdadeiro ímã atrator irresistível de outros seres também sequiosos por chegar àquele novo degrau evolutivo.

Como nos outros casos, claro, dentro de mais alguns milênios este novo "salto evolutivo" estará geneticamente incorporado aos seres humanos que passarão a ser - todos - dotados de Consciência Cósmica já na infância. Uma visão ou perspectiva no mínimo otimista e esperançosa e todos precisamos de uma boa dose de otimismo e de esperança nos dias que correm.

Bhagavad Gita – A Sublime Canção

Neste capitulo Krishna a mostra a Arjuna que a auto-realização consiste em “trabalhar intensamente, e renunciar a cada momento aos frutos do seu trabalho". Não e pelo falso-agir (por amor ao ego) que o homem se liberta e redime, nem pelo não-agir - mas unicamente por meio do reto-agir, de uma intensa dinâmica e jubilosa atividade, realizada por amor ao seu Eu divino.
Esse Atman, embora seja essencialmente Brahman, necessita contudo de evolução, porque o Atman no homem é um "Deus potencial", um Deus evolvivel, realizável, e não plenamente realizado. Atman é o Deus imanente, e não simplesmente a Divindade transcendente, que não e susceptível de aperfeiçoamento. 0 homem deve despertar em si o seu Deus dormente. É esta a tarefa suprema do homem, aqui na terra e em todos os estágios da sua evolução extraterrestre.

Fala Arjuna:

1 - Enalteceste, Senhor, a abstenção dos atos, e recomendaste, não obstante, a atividade. Dize-me agora, em definitivo, qual é o caminho melhor para atingir a meta mais alta.

Fala Krishna:

2 - Bom é agir e bom é abster-se da atividade; tanto isto como aquilo conduz à meta supre­ma. Mas, para o principiante, melhor é agir corretamente.

3 - O verdadeiro renunciante é somente aquele que nada deseja e nada recusa, inatingido pelos opostos, tanto no seu agir como no seu desistir, não afetado nem por esperança nem por medo.

4 - Os ignorantes tecem teorias sobre o agir e o saber, como se se tratasse de duas coisas diferentes; mas os sábios estão convencidos de que quem faz isto não deixa de colher os frutos daquilo.

5 - O reino da quietude que os sábios conquistam pela meditação é também conquistado pelos que praticam ações; sábio é aquele que compreende que essas duas coisas - a intuição mística e a ação prática - são uma só em sua essência.

6 - Difícil tarefa é, herói, alcançar estado de renúncia sem ação e sem que o espírito da fé penetre o coração. 0 sábio que, pela força da verdade, renuncia a si mesmo integra-se em Brahman.

7 - Esse é puro de coração, forte no bem e senhor de todos os seus sentidos; a sua vida está a serviço da vida de todos, e ele realiza todas as ações sem ser escravizado por nenhuma delas.

8 - Porquanto reconhece que não e ele que age, quando vê, ouve e sente.

9 - Pois, quando vê ou ouve, cheira ou come, dorme ou respira, quando abre ou fecha os olhos, quando dá ou recebe ou exerce outro ato sensório qualquer - não são senão os seus sentidos que operam com esses objetos externos.

10 - Quem tudo faz sem apego ao resultado dos seus atos faz tudo no espírito de Deus, e, como a flor de lótus, incontaminada pelo lago em que vive, permanece isento do mal.

11 - Com todas as forças do espírito, da mente, do coração e do corpo luta o yogui pela purificação de sua alma, sem nada buscar para si mesmo em tudo que faz.

12 - Quem a tudo renuncia, jubiloso, alcança, a agora, a mais alta paz do espirito; mas quem espera vantagem das suas obras e escravi­zado por seus desejos.

13 - O sábio que, em corpo terrestre, se libertou do egoismo, habita, mesmo quando age, no céu da sua paz, na "cidade dos nove por­tais" ; não tem desejos, nem induz outros a terem desejos.

14 - O Senhor do Universo não crea ação nem o impulso de agir nem o desejo dos frutos da atividade - tudo isto nasce da natureza fini­ta do individuo.

15 O Senhor do Universo não toma sobre si as culpas dos homens, porque está acima de todas as ações, perfeito em si mesmo. Erram os homens por sua própria ignorância, por­que a luz da verdade está envolta nas trevas da ilusão.

16 - Mas, quando as trevas cedem à luz, amanhe­ce o dia, e, assim como o sol em pleno esplen­dor, revela-se o Ser Supremo.

17 - Quem se integra no Ser Supremo e nele re­pousa está livre da incerteza e trilha caminho luminoso, do qual não há retorno, porque a luz da verdade o libertou do mal.

18 - Quem vive na luz da verdade vê Deus em to­dos os seres - no brâmane e no cão, no elefante e na vaca, e até no desprezado pária.

19 - Os que estão firmes na luz da verdade venceram o mundo, já aqui na terra, pela fé na harmonia universal; porquanto Brahman transcende todas ás condições da dualidade, habitando na suprema unidade - quem o conhece repousa em Brahman.

20 - Quem vive firmemente consolidado na cons­ciência de Brahman não sucumbe à alegria, na prosperidade, nem à frustração, na adversidade - mas remonta à claridade sem nu­vens e se integra na Divindade.

21 - Quem preserva a sua alma livre de todas as coisas que vêm de fora realiza o seu verdadeiro Eu, atinge a paz verdadeira, a beatitude do seu verdadeiro ser.

22 - As alegrias que brotam do mundo dos senti­dos encerram germes de futuras tristezas; vêm e vão; por isto, o príncipe, não é nelas que o sábio busca a sua felicidade.

23 - Feliz é aquele que, durante a vida terrestre, consegue libertar-se dos impulsos que geram paixão e ódio, estabelecendo-se firmemente no espírito da união com Deus.

24 - É ele, na verdade, um santo, que encontra o céu dentro de si mesmo; a sua vida e uma com Brahman e abre-se-lhe a porta do nirvana.

25 - É assim que os rishis, livres de incertezas e senhores de si mesmos, já aqui na ter­ra, entram no nirvana da Divindade, vivendo a vida de todos os seres.

26 - Todos os que, libertos de ódio e paixões, fortes na humildade e iluminados pela fé, superaram o seu ego humano e realizaram em si o Eu divino, todos eles se aproximam da verdadeira paz em Deus.

27 - O yogui que habita na luz, que se abstém do contato com o mundo dos sentidos, cujo olho espiritual se abriu e cuja respiração espiritual se sintonizou com a respiração corporal.

28 - Ele que, repleto da virtude de Deus, governa o coração e a mente, e, sem egoísmo, anseia pela redenção - esse se libertou de si mesmo e vive na paz eterna, aqui e por toda a parte.

29 - Ele sabe que eu sou a Essência em todas as Existências; eu, o Imanifesto em todos os Manifestos; eu, a suprema e imutável Realidade em todos os mundos em incessante mutação; eu, refúgio e proteção de todas as criaturas. Quem isto sabe encontrou a paz.